São José: homem de
silêncio e de virtude
Ora, o
nascimento de JESUS CRISTO foi assim: Sua Mãe, desposada com José, antes de
coabitarem, achou-se que tinha concebido, por virtude do ESPÍRITO SANTO.
(Mt 1, 18).
Quem é São José? Quem é este homem singular, que fora escolhido como esposo da Santíssima Virgem MARIA e cabeça da Sagrada Família? Daremos uma primeira resposta a esta pergunta, reflectindo sobre a prova que a Divina Providência lhe impôs nos alvores da Nova Aliança.
Porque DEUS lhe impôs uma prova semelhante? O Pe. Daniel-Joseph Lallement diz: "A única forma de corresponder apropriadamente aos ministérios que DEUS designa, é quando estes são aceites com uma perfeita renúncia à própria pessoa, aos propósitos pessoais, em total humildade e em pura obediência por amor. Esta atitude há-de ser ainda mais profunda, quanto maior for o ministério concedido. Após a atitude do FILHO de DEUS, Que, ao entrar neste mundo, expressou com toda a sua humanidade: "Eis que venho, para fazer, ó DEUS, a Tua vontade" (Hb 10,5-7), e após a atitude da Santíssima Virgem MARIA, que em resposta ao anúncio do Anjo disse: "Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1, 38), não devia haver uma atitude mais santa do que a que DEUS desejava encontrar em José, a fim de poder confiar à sua protecção o mistério da Encarnação" (Vie et Sainteté du Juste Joseph, Téqui, Paris, pág. 65).
Quem é São José? Quem é este homem singular, que fora escolhido como esposo da Santíssima Virgem MARIA e cabeça da Sagrada Família? Daremos uma primeira resposta a esta pergunta, reflectindo sobre a prova que a Divina Providência lhe impôs nos alvores da Nova Aliança.
Porque DEUS lhe impôs uma prova semelhante? O Pe. Daniel-Joseph Lallement diz: "A única forma de corresponder apropriadamente aos ministérios que DEUS designa, é quando estes são aceites com uma perfeita renúncia à própria pessoa, aos propósitos pessoais, em total humildade e em pura obediência por amor. Esta atitude há-de ser ainda mais profunda, quanto maior for o ministério concedido. Após a atitude do FILHO de DEUS, Que, ao entrar neste mundo, expressou com toda a sua humanidade: "Eis que venho, para fazer, ó DEUS, a Tua vontade" (Hb 10,5-7), e após a atitude da Santíssima Virgem MARIA, que em resposta ao anúncio do Anjo disse: "Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1, 38), não devia haver uma atitude mais santa do que a que DEUS desejava encontrar em José, a fim de poder confiar à sua protecção o mistério da Encarnação" (Vie et Sainteté du Juste Joseph, Téqui, Paris, pág. 65).
A prova de São José
No momento em que São José dá conta de que MARIA, sua esposa,
estava grávida, começa a sua provação. Esta reacção podia ser mal interpretada
se não for vista à luz da extraordinária virtude de São José. O evangelista não
afirma tão somente que José era um homem justo, em geral, mas acentua ainda,
como a qualidade de perfeita justiça estava a base da decisão que ele tomou:
José, que era homem justo, resolveu deixá-la secretamente. São João Crisóstomo
diz que por 'um homem justo', Mateus refere-se àquele que é virtuoso em tudo"
(Tomás de Aquino, Catena Aurea, em Mt 1,19). Os dados que São Lucas nos
proporciona a respeito da relação entre José e MARIA, sugerem claramente que as
considerações de José transcorriam, de facto, num plano muito elevado. Lucas
dá-nos a entender que José conhecia e aceitava a decisão de MARIA de querer
permanecer virgem. Para poder contrair matrimónio validamente, MARIA estaria sem
dúvida obrigada a manifestar ao seu esposo a sua intenção de permanecer como uma
virgem consagrada a DEUS. Prova de que ela fez isto, é a resposta que deu ao
Anjo Gabriel, logo que este lhe anunciou que ia ter um filho: Como será isso, se
eu não conheço homem? (Lc 1,34). Ao falar no presente, "não conheço homem", está
a dar à sua declaração um sentido absoluto. A situação não é simplesmente assim,
que não conhecesse nenhum possível esposo, pois já está comprometida com José.
Melhor, a sua declaração evidencia a intenção de permanecer sempre virgem.
O facto de José aceitar contrair este matrimónio virginal, diz-nos muito acerca da sua profunda vida interior. Se ele mesmo não tivesse sido totalmente casto, não teria podido superar a cultura judaica, a qual via numa descendência numerosa a bênção de DEUS e na esterilidade o estigma duma maldição divina. Com um enorme amor virginal foi capaz de renunciar ao natural amor matrimonial que funda e nutre uma família (cf. Redemptoris Custos = RC, 26).
Não é que São José tivesse posto em dúvida a integridade da Santíssima Virgem, mas, antes, o próprio mistério em si que se abria diante do seu olhar, que o pôs a provação terrível. São Jerónimo assinala a este respeito que "isto pode ser considerado um testemunho a favor de MARIA; que José, convencido da sua pureza na expectativa daquilo que ia passar, cobriu com o seu silêncio aquele mistério que não alcançava explicar" (Tomás de Aquino, Catena Aurea, em Mt 1,19). A que mistério se refere? Remígio explica: "Ele percebeu que estava grávida aquela que ele sabia que era casta. E já que ele tinha lido: "Da raiz de Jessé crescerá um rebento" (ele sabia que MARIA era da tribo de Jessé), e: "Olhai, a Virgem conceberá", não duvidou que esta profecia haveria de cumprir-se n'Ela (ibid.). Sendo, além disso, o primeiro varão que estava comprometido com uma virgem consagrada a DEUS, é compreensível que José, dadas as coincidências a respeito das circunstâncias, pensasse na profecia do nascimento virginal.
Porque é que isto o afligiu tanto, que até decidiu repudiar MARIA? Em resposta a esta pergunta, Orígenes diz: "E já que ele não tinha nenhuma suspeita contra ela, como poderia então ser um homem justo e, não obstante, decidir repudiar em segredo a que era Imaculada? Pensou em repudiá-la, pois viu n'Ela um grande mistério, perante o qual se considerava indigno" (ibid.). Diz um verso: "Era justo por causa da sua fé, sendo que acreditava que o CRISTO nasceria duma virgem. Por isso desejou humilhar-se diante de uma graça tão grande" (ibid.).
Com base nesta exegese, São Tomás diz que José tinha lido as profecias de Isaías (cf. 7,14 e 11,1), e, dado que sabia que MARIA descendia da família de David (Jessé), estava "mais inclinado a acreditar que a dita profecia se cumpriria n'Ela, a acreditar que ela cometesse adultério. E como se sentia indigno de coabitar com tal santidade, quis repudiá-la em segredo, à semelhança de Pedro, que disse: "Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador!" (Lc 5,8)" (Sobre Mateus I, n. 117).
Lallement, resumindo, diz: "Consciente de ser o esposo comprometido de MARIA, José, com uma atitude sobrenatural, discorreu sobre a questão que se lhe apresentava: ele não via que tivesse mais alguma missão ao lado de MARIA, pois n'Ela se estava a manifestar um mistério que o superava completamente. Ele também não acreditava que tinha o direito de revelar este mistério. Por isso considerou deixar livre MARIA, da maneira mais prudente: "José, que era justo, resolveu deixá-la secretamente" (ibid.).
O facto de José aceitar contrair este matrimónio virginal, diz-nos muito acerca da sua profunda vida interior. Se ele mesmo não tivesse sido totalmente casto, não teria podido superar a cultura judaica, a qual via numa descendência numerosa a bênção de DEUS e na esterilidade o estigma duma maldição divina. Com um enorme amor virginal foi capaz de renunciar ao natural amor matrimonial que funda e nutre uma família (cf. Redemptoris Custos = RC, 26).
Não é que São José tivesse posto em dúvida a integridade da Santíssima Virgem, mas, antes, o próprio mistério em si que se abria diante do seu olhar, que o pôs a provação terrível. São Jerónimo assinala a este respeito que "isto pode ser considerado um testemunho a favor de MARIA; que José, convencido da sua pureza na expectativa daquilo que ia passar, cobriu com o seu silêncio aquele mistério que não alcançava explicar" (Tomás de Aquino, Catena Aurea, em Mt 1,19). A que mistério se refere? Remígio explica: "Ele percebeu que estava grávida aquela que ele sabia que era casta. E já que ele tinha lido: "Da raiz de Jessé crescerá um rebento" (ele sabia que MARIA era da tribo de Jessé), e: "Olhai, a Virgem conceberá", não duvidou que esta profecia haveria de cumprir-se n'Ela (ibid.). Sendo, além disso, o primeiro varão que estava comprometido com uma virgem consagrada a DEUS, é compreensível que José, dadas as coincidências a respeito das circunstâncias, pensasse na profecia do nascimento virginal.
Porque é que isto o afligiu tanto, que até decidiu repudiar MARIA? Em resposta a esta pergunta, Orígenes diz: "E já que ele não tinha nenhuma suspeita contra ela, como poderia então ser um homem justo e, não obstante, decidir repudiar em segredo a que era Imaculada? Pensou em repudiá-la, pois viu n'Ela um grande mistério, perante o qual se considerava indigno" (ibid.). Diz um verso: "Era justo por causa da sua fé, sendo que acreditava que o CRISTO nasceria duma virgem. Por isso desejou humilhar-se diante de uma graça tão grande" (ibid.).
Com base nesta exegese, São Tomás diz que José tinha lido as profecias de Isaías (cf. 7,14 e 11,1), e, dado que sabia que MARIA descendia da família de David (Jessé), estava "mais inclinado a acreditar que a dita profecia se cumpriria n'Ela, a acreditar que ela cometesse adultério. E como se sentia indigno de coabitar com tal santidade, quis repudiá-la em segredo, à semelhança de Pedro, que disse: "Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador!" (Lc 5,8)" (Sobre Mateus I, n. 117).
Lallement, resumindo, diz: "Consciente de ser o esposo comprometido de MARIA, José, com uma atitude sobrenatural, discorreu sobre a questão que se lhe apresentava: ele não via que tivesse mais alguma missão ao lado de MARIA, pois n'Ela se estava a manifestar um mistério que o superava completamente. Ele também não acreditava que tinha o direito de revelar este mistério. Por isso considerou deixar livre MARIA, da maneira mais prudente: "José, que era justo, resolveu deixá-la secretamente" (ibid.).
O mistério do Emanuel
Assim, o motivo para a decisão de José foi a humildade e a
preocupação de conservar intacto o divino mistério. A respeito do seu próprio
papel no mistério do Menino chamado o Emanuel, José, o Justo, tomou uma decisão
digna da sua humildade: Quando fores convidado para um banquete nupcial, não
ocupes o primeiro lugar... vai-te sentar no último lugar (Lc 14, 8a.10a), pois
não tinha nenhum sinal seguro de DEUS, de que haveria de ser incorporado no
plano divino. As profecias referiam-se unicamente à mãe virginal do Emanuel.
Qual não seria a dor de José ao ter de abandonar a sua profunda relação com MARIA, a quem amava acima de tudo no mundo! Contudo, não podia reclamar para si o direito de ter uma missão ao lado da virgem mãe do Emanuel. "Dada a sua disposição à renúncia a si mesmo -pois o ainda não acontecido da situação, parecia não permitir a continuação do seu matrimónio, José não duvidou de MARIA; mas manifestou que de nenhuma maneira poderia reclamar que continuaria a ter direito sobre MARIA como sua esposa. Ele manifestou uma total renúncia a si mesmo, ele, que estava tão profundamente unido à sua esposa no seu anseio messiânico. Por um lado, sentia-se pleno de alegria de que a divina promessa se cumprisse naquela que ele amava, e por outro, sentia-se cheio de profunda dor, pela causa do sacrifício que voluntariamente oferecia: separar-se daquela a quem amava agora ainda mais. Naqueles momentos o Anjo confirmou-o no seu vínculo com MARIA, e por amor e absoluta obediência, tomou imediatamente a sua esposa para si" (Lallement, ibid.). Logo que José decide repudiar MARIA em segredo, um Anjo enviado por DEUS o instrui, dizendo:José, filho de David, não temas receber MARIA, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do ESPÍRITO SANTO. Ela dará à luz um filho e pôr-lhe-ás o nome de JESUS; porque ELE salvará o povo dos seus pecados (Mt 1,20-21). Como se depreende do texto, o Anjo dá a entender que o motivo da decisão de José é o temor .
Qual era, então, o objecto do seu temor? O Anjo disse-lhe que não havia razão para sentir temor de receber sua esposa. Segundo isto, o seu temor, referia-se principalmente à sua relação com MARIA e o Menino. São João Crisóstomo, propõe os seguintes pensamentos: "O Anjo diz : 'Não temas receber MARIA', isto é, de conservá-la junto de ti, pois nos seus pensamentos considerava-a já repudiada". E Remígio escreve: "'Não temas recebê-la', quer dizer, manter o matrimónio com MARIA e cultivar um trato permanente com Ela" (Catena Aurea, sobre Mateus, 1,21).
José não recebe do Anjo tanto uma revelação, mas uma confirmação do que tinha sido profetizado há já muito tempo: "O mesmo Senhor vos dará um sinal: Olhai: A jovem está grávida e dará à luz um filho, pôr-lhe-á o nome de Emanuel" (Is 7,14; Mt 1,23), que quer dizer DEUS connosco', a fim de o instruir sobre sua própria missão.
A denominação: "Filho de David", dirige os pensamentos de José à realização do plano messiânico, mas não ao seu papel em relação ao Messias que é inicialmente manifestado a José. DEUS faz-lhe saber, antes de mais, que a sua relação com MARIA há-de permanecer estável: Ela há-de ser a sua esposa. O facto de Ela ter concebido do ESPÍRITO SANTO não anula a dita união, mas confirma-a. Desta maneira, o Anjo de DEUS mostra a José o seu papel ao lado do Menino que virá ao mundo: "Pôr-lhe-ás o nome de JESUS; porque ELE salvará o povo dos seus pecados" (Mt 1,21). Especialmente naquela época, dar o seu nome a um menino era um sinal da autoridade paterna (Lallement, ibid.; cf. Lc 1,62-64).
Assim, "José não haveria de pensar que já não era necessário nesse matrimónio, pois via que a concepção se tinha levado a cabo sem a sua participação. Por isso o Anjo explica que, se ele não era necessário na concepção, o mesmo não acontecia com o seu ministério protector. A virgem dará à luz um filho, e então ele será necessário tanto para a mãe como para o filho dela. Para a mãe, a fim de preservá-la da ignomínia; para o filho, a fim de circuncidá-lo e educá-lo. Alude-se à circuncisão quando se diz: "Pôr-lhe-ás o nome de JESUS", pois era costume dar o nome por ocasião da circuncisão" (Catena Aurea, sobre Mt 1,19).
Resumindo, poderia dizer-se que a decisão que José tinha tomado de repudiar MARIA, estava fundada na sua conclusão de que ela era a mãe virginal do Messias. Em relação à sua própria pessoa, temia que a sua presença pudesse impedir o plano divino. Nessa altura, o Anjo interveio e anunciou-lhe a sua missão como esposo de MARIA e cabeça da Sagrada Família. Esta é, em essência, a solução que o Papa João Paulo II nos propõe, ao confirmar que José estava "decidido a afastar-se, para não ser um obstáculo ao plano de DEUS que nela estava a realizar-se, por ordem expressa do Anjo ele manteve-a consigo e respeitou a sua condição de pertencer exclusivamente a DEUS" (RC, 20).
Ainda que nas suas reflexões, José intuísse o mistério da virgem que conceberia um filho, estes pensamentos não o deixavam tranquilo, até esclarecer a sua própria relação futura com a Santíssima Virgem. Este foi o objecto da sua provação, que só soube resolver, ao apartar-se humildemente de MARIA. Foi por causa desta humildade que DEUS permitiu a sua dolorosa provação, antes de o confirmar na sua sagrada missão.
Qual não seria a dor de José ao ter de abandonar a sua profunda relação com MARIA, a quem amava acima de tudo no mundo! Contudo, não podia reclamar para si o direito de ter uma missão ao lado da virgem mãe do Emanuel. "Dada a sua disposição à renúncia a si mesmo -pois o ainda não acontecido da situação, parecia não permitir a continuação do seu matrimónio, José não duvidou de MARIA; mas manifestou que de nenhuma maneira poderia reclamar que continuaria a ter direito sobre MARIA como sua esposa. Ele manifestou uma total renúncia a si mesmo, ele, que estava tão profundamente unido à sua esposa no seu anseio messiânico. Por um lado, sentia-se pleno de alegria de que a divina promessa se cumprisse naquela que ele amava, e por outro, sentia-se cheio de profunda dor, pela causa do sacrifício que voluntariamente oferecia: separar-se daquela a quem amava agora ainda mais. Naqueles momentos o Anjo confirmou-o no seu vínculo com MARIA, e por amor e absoluta obediência, tomou imediatamente a sua esposa para si" (Lallement, ibid.). Logo que José decide repudiar MARIA em segredo, um Anjo enviado por DEUS o instrui, dizendo:José, filho de David, não temas receber MARIA, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do ESPÍRITO SANTO. Ela dará à luz um filho e pôr-lhe-ás o nome de JESUS; porque ELE salvará o povo dos seus pecados (Mt 1,20-21). Como se depreende do texto, o Anjo dá a entender que o motivo da decisão de José é o temor .
Qual era, então, o objecto do seu temor? O Anjo disse-lhe que não havia razão para sentir temor de receber sua esposa. Segundo isto, o seu temor, referia-se principalmente à sua relação com MARIA e o Menino. São João Crisóstomo, propõe os seguintes pensamentos: "O Anjo diz : 'Não temas receber MARIA', isto é, de conservá-la junto de ti, pois nos seus pensamentos considerava-a já repudiada". E Remígio escreve: "'Não temas recebê-la', quer dizer, manter o matrimónio com MARIA e cultivar um trato permanente com Ela" (Catena Aurea, sobre Mateus, 1,21).
José não recebe do Anjo tanto uma revelação, mas uma confirmação do que tinha sido profetizado há já muito tempo: "O mesmo Senhor vos dará um sinal: Olhai: A jovem está grávida e dará à luz um filho, pôr-lhe-á o nome de Emanuel" (Is 7,14; Mt 1,23), que quer dizer DEUS connosco', a fim de o instruir sobre sua própria missão.
A denominação: "Filho de David", dirige os pensamentos de José à realização do plano messiânico, mas não ao seu papel em relação ao Messias que é inicialmente manifestado a José. DEUS faz-lhe saber, antes de mais, que a sua relação com MARIA há-de permanecer estável: Ela há-de ser a sua esposa. O facto de Ela ter concebido do ESPÍRITO SANTO não anula a dita união, mas confirma-a. Desta maneira, o Anjo de DEUS mostra a José o seu papel ao lado do Menino que virá ao mundo: "Pôr-lhe-ás o nome de JESUS; porque ELE salvará o povo dos seus pecados" (Mt 1,21). Especialmente naquela época, dar o seu nome a um menino era um sinal da autoridade paterna (Lallement, ibid.; cf. Lc 1,62-64).
Assim, "José não haveria de pensar que já não era necessário nesse matrimónio, pois via que a concepção se tinha levado a cabo sem a sua participação. Por isso o Anjo explica que, se ele não era necessário na concepção, o mesmo não acontecia com o seu ministério protector. A virgem dará à luz um filho, e então ele será necessário tanto para a mãe como para o filho dela. Para a mãe, a fim de preservá-la da ignomínia; para o filho, a fim de circuncidá-lo e educá-lo. Alude-se à circuncisão quando se diz: "Pôr-lhe-ás o nome de JESUS", pois era costume dar o nome por ocasião da circuncisão" (Catena Aurea, sobre Mt 1,19).
Resumindo, poderia dizer-se que a decisão que José tinha tomado de repudiar MARIA, estava fundada na sua conclusão de que ela era a mãe virginal do Messias. Em relação à sua própria pessoa, temia que a sua presença pudesse impedir o plano divino. Nessa altura, o Anjo interveio e anunciou-lhe a sua missão como esposo de MARIA e cabeça da Sagrada Família. Esta é, em essência, a solução que o Papa João Paulo II nos propõe, ao confirmar que José estava "decidido a afastar-se, para não ser um obstáculo ao plano de DEUS que nela estava a realizar-se, por ordem expressa do Anjo ele manteve-a consigo e respeitou a sua condição de pertencer exclusivamente a DEUS" (RC, 20).
Ainda que nas suas reflexões, José intuísse o mistério da virgem que conceberia um filho, estes pensamentos não o deixavam tranquilo, até esclarecer a sua própria relação futura com a Santíssima Virgem. Este foi o objecto da sua provação, que só soube resolver, ao apartar-se humildemente de MARIA. Foi por causa desta humildade que DEUS permitiu a sua dolorosa provação, antes de o confirmar na sua sagrada missão.
A humildade e a santidade de José
A confirmação da missão de José contribuiu para aumentar a sua
humildade. A este respeito, a beata Isabel Canori Mora assinalou correctamente:
Nada opera uma maior humildade que quando se recebem grandes graças da parte de
DEUS, sem que a própria pessoa possa mostrar nenhum mérito. Essas almas estão de
tal forma aniquiladas aos seus próprios olhos, que com gosto e em santa
obediência se submetem aos seus superiores e directores espirituais, assim como
também São José se submeteu, sem vacilar um segundo, ao mandato do Anjo de
receber MARIA, ainda que pouco antes tivesse tomado a decisão contrária.
Uma vez anunciada a vontade de DEUS, através do Anjo, de imediato José se dispôs voluntariamente a guardar silêncio, pois à vontade de DEUS não há que acrescentar nada mais do que uma amorosa correspondência. Ao mesmo tempo, deve ter exultado de alegria pela condescendência e bondade de DEUS, que o tinha escolhido para se vincular tão intimamente a esta obra de DEUS. A minha alma engrandece ao Senhor... pois olhou para a humildade do Seu servo.
Há ainda outro aspecto no temor e na humildade de José, que destaca positivamente a sua atitude entre outras grandes figuras da história da salvação. As almas que têm sido privilegiadas pelas graças de DEUS, sofrem com frequência temores e dúvidas, porque de alguma maneira o plano de DEUS supera a razão natural. Isto, por exemplo, se passou com Zacarias, o sacerdote. Foi incapaz de suportar a profecia do Anjo, relativamente a ter sido chamado a ser o pai de João Baptista, do Precursor do Senhor. Não deu crédito às palavras de São Gabriel, pois o que fez foi olhar para a sua fraqueza e miséria, a sua idade avançada e a esterilidade da sua mulher, em lugar de olhar para DEUS, para Quem nada é impossível (cf. Lc 1,18ss).
São José sofreu uma grande tribulação na obscuridade da sua provação, mas sofreu precisamente porque acreditava no mistério sobrenatural da concepção virginal, só que não podia dilucidar a sua própria missão sem a luz iluminadora de DEUS. Daí que a sua resposta fosse inicialmente uma resposta de santa e silenciosa prudência e não uma resposta de fé e obediência. Na obscuridade da provação, a prudência mandava-o apartar-se de MARIA. A sua humilde docilidade capacitou-o para aceitar imediatamente o mandato do Anjo: José, filho de David, não temas receber MARIA, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do ESPÍRITO SANTO. Ela dará à luz um filho e pôr-lhe-ás o nome de JESUS; porque ELE salvará o povo dos seus pecados (Mt 1,20-21). E o evangelista São Mateus continua: Despertando José do sono, fez como lhe ordenou o Anjo do Senhor e recebeu sua mulher (Mt 1,24). Quão grande devia ser a sua alegria, que DEUS o achara digno de estar tão intimamente unido, em amor e serviço, a CRISTO e à Sua Mãe.
Uma vez anunciada a vontade de DEUS, através do Anjo, de imediato José se dispôs voluntariamente a guardar silêncio, pois à vontade de DEUS não há que acrescentar nada mais do que uma amorosa correspondência. Ao mesmo tempo, deve ter exultado de alegria pela condescendência e bondade de DEUS, que o tinha escolhido para se vincular tão intimamente a esta obra de DEUS. A minha alma engrandece ao Senhor... pois olhou para a humildade do Seu servo.
Há ainda outro aspecto no temor e na humildade de José, que destaca positivamente a sua atitude entre outras grandes figuras da história da salvação. As almas que têm sido privilegiadas pelas graças de DEUS, sofrem com frequência temores e dúvidas, porque de alguma maneira o plano de DEUS supera a razão natural. Isto, por exemplo, se passou com Zacarias, o sacerdote. Foi incapaz de suportar a profecia do Anjo, relativamente a ter sido chamado a ser o pai de João Baptista, do Precursor do Senhor. Não deu crédito às palavras de São Gabriel, pois o que fez foi olhar para a sua fraqueza e miséria, a sua idade avançada e a esterilidade da sua mulher, em lugar de olhar para DEUS, para Quem nada é impossível (cf. Lc 1,18ss).
São José sofreu uma grande tribulação na obscuridade da sua provação, mas sofreu precisamente porque acreditava no mistério sobrenatural da concepção virginal, só que não podia dilucidar a sua própria missão sem a luz iluminadora de DEUS. Daí que a sua resposta fosse inicialmente uma resposta de santa e silenciosa prudência e não uma resposta de fé e obediência. Na obscuridade da provação, a prudência mandava-o apartar-se de MARIA. A sua humilde docilidade capacitou-o para aceitar imediatamente o mandato do Anjo: José, filho de David, não temas receber MARIA, tua esposa, pois o que ela concebeu é obra do ESPÍRITO SANTO. Ela dará à luz um filho e pôr-lhe-ás o nome de JESUS; porque ELE salvará o povo dos seus pecados (Mt 1,20-21). E o evangelista São Mateus continua: Despertando José do sono, fez como lhe ordenou o Anjo do Senhor e recebeu sua mulher (Mt 1,24). Quão grande devia ser a sua alegria, que DEUS o achara digno de estar tão intimamente unido, em amor e serviço, a CRISTO e à Sua Mãe.
São José: modelo de virtude, Patrono e Protector da Igreja
Reconhecemos, pois, em São José, no homem escolhido por DEUS,
quem, com extrema generosidade, respondeu ao excelso mistério do amor divino que
lhe fora revelado e confiado em MARIA e JESUS, a Palavra de DEUS feita carne.
São José consagrou a sua vida inteira incansavelmente ao serviço do plano
salvífico de DEUS. O Papa João Paulo II destacou a grandeza moral de São José
com as seguintes palavras: "O sacrifício total, que José fez da sua existência
inteira, às exigências da vinda do Messias à sua própria casa, encontra a
motivação adequada na sua 'insondável vida interior, da qual lhe provêm ordens e
consolações singularíssimas; dela lhe decorrem também a lógica e a força,
própria das almas simples e límpidas, das grandes decisões, como foi a de
colocar imediatamente à disposição dos desígnios divinos a própria liberdade, a
sua legítima vocação humana e a felicidade conjugal, aceitando a condição, a
responsabilidade e o peso da família e renunciando, por um incomparável amor
virgíneo, ao natural amor conjugal que constitui e alimenta a mesma família'" (RC,
26, citação tomada de Paulo VI, Discurso do 19 de Março de 1969, em:
Insegnamenti, VII (1969).
"José estava quotidianamente em contacto com o mistério 'escondido desde todos os séculos', que 'estabeleceu a sua morada' sob o tecto da sua casa" (RC, 25). Esta grande proximidade à Mãe de DEUS e à Palavra feita carne teve infalivelmente um efeito santificador sobre São José. O Santo Padre explica: "A comunhão de vida entre José e JESUS leva-nos a considerar o mistério da Encarnação precisamente sob o aspecto da humanidade de CRISTO, instrumento eficaz da divindade em ordem à santificação dos homens: 'Por força da divindade, as acções humanas de CRISTO foram salutares para nós, produzindo em nós a graça, quer em razão do mérito, quer por uma certa eficácia' (Tomás de Aquino, Suma Teológica III, q. 8 a. 1, ad 1). O testemunho apostólico não transcurou -como já se viu- a narração do nascimento de JESUS, da circuncisão, da apresentação no templo, da fuga para o Egipto e da vida oculta em Nazaré, por motivo do '"mistério" de graça contido em tais "gestos", todos eles salvíficos, porque todos participavam da mesma fonte de amor: a divindade de CRISTO. Se este amor se irradiava, através da sua humanidade, sobre todos os homens, certamente eram por ele beneficiados, em primeiro lugar, aqueles que a vontade divina tinha posto na sua maior intimidade: MARIA, Sua Mãe, e José, seu pai putativo" (RC, 27).
Durante os trinta anos de convivência com MARIA, José foi o único que pôde reconhecer e experimentar a presença e sabedoria de JESUS CRISTO como DEUS e homem. Como esposo de MARIA e também como cabeça da Sagrada Família, ele é um digno e poderoso protector da Igreja e de todos os baptizados, nestes tempos difíceis. Paulo VI convida a invocá-lo, "como protector, por um desejo profundo e actualíssimo de rejuvenescer a sua existência secular, com autênticas virtudes evangélicas, como as que refulgem em São José" (Discurso do 19 de Março de 1969, em Insegnamente, VII (1996); RC, 30).
O Papa João Paulo II expressa acertadamente: "Recordando que DEUS confiou os inícios da nossa Redenção à guarda desvelada de São José, suplica-lhe que lhe conceda colaborar fielmente na obra da salvação; e que lhe dê a mesma fidelidade e pureza de coração que animaram José no serviço do Verbo Encarnado; e, ainda, a graça de caminhar diante do mesmo DEUS pelas vias da santidade e da justiça, amparados pelo exemplo e pela intercessão de São José" (RC, 31).
"José estava quotidianamente em contacto com o mistério 'escondido desde todos os séculos', que 'estabeleceu a sua morada' sob o tecto da sua casa" (RC, 25). Esta grande proximidade à Mãe de DEUS e à Palavra feita carne teve infalivelmente um efeito santificador sobre São José. O Santo Padre explica: "A comunhão de vida entre José e JESUS leva-nos a considerar o mistério da Encarnação precisamente sob o aspecto da humanidade de CRISTO, instrumento eficaz da divindade em ordem à santificação dos homens: 'Por força da divindade, as acções humanas de CRISTO foram salutares para nós, produzindo em nós a graça, quer em razão do mérito, quer por uma certa eficácia' (Tomás de Aquino, Suma Teológica III, q. 8 a. 1, ad 1). O testemunho apostólico não transcurou -como já se viu- a narração do nascimento de JESUS, da circuncisão, da apresentação no templo, da fuga para o Egipto e da vida oculta em Nazaré, por motivo do '"mistério" de graça contido em tais "gestos", todos eles salvíficos, porque todos participavam da mesma fonte de amor: a divindade de CRISTO. Se este amor se irradiava, através da sua humanidade, sobre todos os homens, certamente eram por ele beneficiados, em primeiro lugar, aqueles que a vontade divina tinha posto na sua maior intimidade: MARIA, Sua Mãe, e José, seu pai putativo" (RC, 27).
Durante os trinta anos de convivência com MARIA, José foi o único que pôde reconhecer e experimentar a presença e sabedoria de JESUS CRISTO como DEUS e homem. Como esposo de MARIA e também como cabeça da Sagrada Família, ele é um digno e poderoso protector da Igreja e de todos os baptizados, nestes tempos difíceis. Paulo VI convida a invocá-lo, "como protector, por um desejo profundo e actualíssimo de rejuvenescer a sua existência secular, com autênticas virtudes evangélicas, como as que refulgem em São José" (Discurso do 19 de Março de 1969, em Insegnamente, VII (1996); RC, 30).
O Papa João Paulo II expressa acertadamente: "Recordando que DEUS confiou os inícios da nossa Redenção à guarda desvelada de São José, suplica-lhe que lhe conceda colaborar fielmente na obra da salvação; e que lhe dê a mesma fidelidade e pureza de coração que animaram José no serviço do Verbo Encarnado; e, ainda, a graça de caminhar diante do mesmo DEUS pelas vias da santidade e da justiça, amparados pelo exemplo e pela intercessão de São José" (RC, 31).