Os Anjos na vida dos Santos
Na Obra dos
Santos Anjos somos chamados a viver as quatro direções fundamentais em união com
os Santos Anjos: a adoração, a meditação, a expiação e a missão. Conscientemente
devemos imitar o exemplo dos Santos que amavam e invocavam os Santos Anjos.
Vejamos alguns exemplos:
Os Anjos, em primeiro lugar, são adoradores de Deus
São João
Crisóstomo escreveu sobre a presença dos Santos Anjos na celebração do
sacrifício da Missa: “Logo que o Sacerdote começa o Sagrado Rito, legiões de
espíritos bem-aventurados descem das alturas. Vestidos de branco ofuscante,
rodeiam o altar e assistem o mistério grandioso com a fronte inclinada. No
momento da Sagrada Comunhão com muito respeito estão em volta do Bispo, dos
Sacerdotes e dos Diáconos, que distribuem aos fiéis o precioso Corpo e o sagrado
Sangue do Redentor” (St Josephsblatt, no. 12 / setembro 2001). Em Fátima, um
Anjo levou a Sagrada Comunhão aos pastorzinhos: Lúcia recebeu a Sagrada Hóstia,
os Beatos Jacinta e Francisco receberam o Preciosíssimo Sangue do Cálice das
mãos do Anjo.
A Beata Dina
Bélanger (Irmã Maria Cecília de Roma RJM, 1897-1929), do Canadá conta na sua
autobiografia um fato parecido. Ela estava doente na cama. “Durante a Santa
Missa na hora em que a comunidade se aproximava da Sagrada Mesa, recebi a
comunhão espiritual. Pareceu-me - isto se realizou por uma imagem no meu
espírito - que um Anjo me deu uma Hóstia invisível. Recebi-A como costumava
receber a Hóstia da mão do Sacerdote e a minha ação de graças tinha o mesmo
caráter de fé e de amor, como se comungasse uma Hóstia visível aos meus olhos.”
Numa certa manhã,
no outono de 1923, ela recebeu a graça da presença perceptível da Santíssima
Trindade no seu interior. Ela escreve: “Revelou-se para mim a vida da Santíssima
Trindade com uma indizível doçura, paz e amor. Não me movi por respeito e
gratidão. Senti-me aniquilada no meu nada. Tendo adorado profundamente o meu
tesouro, recebi a inspiração de ‘formar uma corte’ para meu Deus. Perguntei a
Jesus, a quem Ele desejava na Sua corte. Ele desejava a companhia da Santíssima
Virgem, de São José, do meu bom Anjo da Guarda, de Santa Cecília e Santa
Terezinha do Menino Jesus, a fim de que estejam ocupados em amá-l’O e em pensar
n’Ele incessantemente. Assim, em mim, Ele nunca ficaria esquecido e sozinho, se
minha miserável natureza se tornasse uma vítima da distração. Repeti diariamente
a pergunta: A quem desejais na Vossa corte? Minha doce Mãe e os padroeiros
mencionados sempre estavam aqui, mas nosso Senhor também designava Anjos e
Santos para mim... os Santos, que se celebrava no Céu nesse respectivo dia e que
se comemorava na Igreja. Finalmente - e já faz tempo - comecei a convidar todo o
paraíso, todos os espíritos angélicos e todos os bem-aventurados para formar a
corte do meu amado Rei e a permanecer constantemente nela. No entanto, me via
pequenina comparada aos belos Querubins, aos irmãos e irmãs que já entraram na
eternidade” (Autobiografia, cap. 17).
A beata Rosa
Gattorno (1831-1900), italiana, fundadora das Filhas de Sant’Ana fez uma
experiência parecida. Ela escreve: “Um dia fui comungar... isto no mês de março
de 1875. Não me parecia estar bem preparada, porque me sentia muito mal e pouco
podia dizer ao meu bem, apenas oferecer-Lhe o sofrimento que experimentava, mas
nutria um certo temor de não poder fazer o agradecimento, enfim, estava muito
perturbada; logo que O recebi, vi ao meu lado o Anjo Miguel que, juntamente
comigo, fazia o agradecimento e, com as mãos juntas, adorava a Deus. Eu, com
esta visão, senti um contentamento...” (M. 4. 3, pág. 29: citado do livro:
Filhas de Sant’Ana, O Dom de Deus à Rosa Gattorno, Roma 1994, p. 180s).
Na vida das
Beatas Dina e Rosa confirma-se o que já São Paulo escreveu na carta aos Efésios
(cf. 1,9s): É vontade do Pai Eterno que todas as coisas sejam unidas em Cristo,
as que estão nos céus e as que estão na terra. Deus quer ser glorificado não só
por indivíduos, mas pela Igreja unida em Cristo. Nesse sentido, é necessário que
nos unamos aos Santos Anjos na adoração de Deus. “A uma só voz” com eles
glorificamos a Deus em cada Santa Missa ao rezarmos o “Santo”.
Os Santos Anjos ajudam-nos a fazer meditação
São Tomás de
Aquino ensina: “Todas as iluminações divinas nos são dadas mediante a hierarquia
celeste” (2 Sent.d.8,q.1,a.6,c). Porém, muitas vezes alguém é iluminado na
meditação da Palavra ou dos mistérios do Reino de Deus, sem se dar conta de que
isto acontece através do Santo Anjo (S. Th. I,111,1,3m
A Beata Rosa
Gattorno fez a seguinte experiência: “Estive, por dois dias, em companhia dos
Anjos que estavam junto de mim; faziam-me festa enquanto contemplava o mistério
da Encarnação no seio de Maria Santíssima” (M. 9. 8, pág. 5s in op. cit., p.
183). Portanto, invoquemos os Santos Anjos, especialmente São Gabriel e o Anjo
da Guarda, no início da nossa meditação! Então ela será muito mais frutuosa.
Os Santos Anjos nos levam à expiação
Os Santos Anjos
se alegram com a conversão do pecador e o conduzem no caminho da abnegação e do
seguimento de Cristo.
Desde a sua
juventude, Santa Gema Galgani († 1903), foi educada pelo seu Anjo da Guarda, que
lhe chamava a atenção quando era vaidosa ou estava sem vontade de rezar. Ele a
lembrava de rezar pelas almas do purgatório.
O Anjo deseja
levar a alma conduzida por ele à aceitação da cruz e da reparação pelos pecados
dos outros. Comparados aos Anjos, os homens têm um dom que os espíritos não
possuem: são capazes de provar seu amor a Deus pelo sofrimento e colaboram na
salvação das almas suportando-o com paciência. A Beata Dina Bélanger escreveu no
dia 23 de janeiro de 1926 na sua autobiografia: “Ó santa humilhação! Sob as tuas
asas, que parecem cobertas de espinhos, abrigas tesouros atraentes e doçuras...
Eu te amo!... Ó Santos Anjos do Céu, invejai-me por minha felicidade! Não
conheceis a alegria do sofrimento” (cap. 27).
Os Santos Anjos
não experimentam a amargura e o peso do sofrimento. Eles vêem unicamente a
recompensa prometida aos que sofrem com paciência. Os espíritos bem-aventurados
já contemplam a glória da Cruz. Por isso querem nos conduzir à aceitação da cruz
no dia-a-dia. Não só os demônios, mas também os Santos Anjos podem causar
sofrimentos nos seguidores de Cristo, porém não para prejudicá-los, e sim,
transmitindo a cruz como uma graça.
Cristo em forma
de Serafim apareceu a São Francisco de Assis e lhe imprimiu as Santas Chagas
para assim oferecer-lhe parte nos sofrimentos do Senhor.
Santa Tereza
d’Avila relata-nos: “Vi que (o Anjo) trazia nas mãos um comprido dardo de ouro,
em cuja ponta de ferro julguei que havia um pouco de fogo. Eu tinha a impressão
de que ele me perfurava o coração com o dardo algumas vezes, atingindo-me as
entranhas. Quando o tirava, parecia-me que as entranhas eram retiradas, e eu
ficava toda abrasada num imenso amor de Deus. A dor era tão grande que eu
soltava gemidos, e era tão excessiva a suavidade produzida por essa dor imensa
que a alma não desejava que tivesse fim nem se contentava senão com a presença
de Deus. Não se trata de dor corporal; é espiritual, se bem que o corpo também
participa, às vezes muito” (V. 40,12).
Também na vida da
Beata Rosa Gattorno os Santos Anjos eram mensageiros do seu destino doloroso em
Deus: “Depois da Santa Comunhão, um dia, vi aproximarem-se dois Anjos com uma
coroa de espinhos nas mãos que se assemelhava àquela do meu Dileto” (M. 1. 1,
pág.7: op. cit., p. 173s). Um dia, como resposta do Eterno Pai à sua súplica,
pedindo-lhe que lhe concedesse o dom de carregar a cruz, recebeu um sinal: “Vi
uma (cruz) bem pesada que era conduzida por dois Anjos e estes a colocavam sobre
mim; tinha os três cravos fixos; quanta satisfação isto me causou!” (M. 1. 1,
pág.15: op. cit., p. 174s).
Os Santos Anjos são os nossos melhores amigos no cumprimento da nossa missão
São Pedro Fabro
SJ († 1546), o grande pregador da Europa no século XVI, nas suas pregações
populares, tinha o costume de invocar os Santos Anjos das respectivas cidades e
dos países que ia visitar, a fim de que ajudassem no seu apostolado. Não
faltaram os milagres...
Também São Pedro
Canísio SJ (1521-1597), o apóstolo da Alemanha escreve: “Quem entra pela
primeira vez num país ou numa cidade, deve, segundo o exemplo do Pe. Fabro,
invocar e venerar os Anjos, os Arcanjos e também os Santos mais conhecidos
daquela região, e deve confiar os seus esforços pastorais à sua proteção. Por
sua intercessão, Deus vai certamente conceder o Seu auxílio poderoso apesar da
própria indignidade (do missionário) ...” (traduzido do livro: B. Schneider,
Petrus Canisius. Briefe, Salzburg 1959, p. 217).
São Francisco
Xavier SJ, o padroeiro das missões, escreveu numa carta de Goa: “Vivo na firme
confiança que Deus há de me conceder a graça da conversão desses países.
Entretanto, desconfiando das minhas capacidades, deposito toda minha confiança
em Jesus Cristo, na Santíssima Virgem e nos nove coros dos Santos Anjos, de
entre os quais escolhi como padroeiro especial o príncipe e protetor da Santa
Igreja São Miguel. Não espero pouca coisa desse Arcanjo, a cuja proteção o
grande reino japonês foi confiado! Diariamente me recomendo a ele como também a
todos os Anjos da Guarda dos japoneses, cuja tarefa é implorar de Deus a sua
salvação” (Baroll, Dell’Asia; segundo St. Josephsblatt).
Certa vez, o
Beato Papa João XXIII escreveu numa carta a sua sobrinha Irmã Angela Roncali: “O
teu nome de religião, que recorda o do teu tio, o de teu bisavô e o de teu
irmão, dos quais estes dois últimos já gozam da companhia visível dos Anjos,
deve ser para ti um estímulo para manter uma intimidade familiar com o teu Anjo
da Guarda e também com todos os Anjos da Guarda das pessoas que conheces e amas,
na Santa Igreja e na tua congregação. É um consolo sentir perto de nós este
custódio celestial, este guia de nossos passos, esta testemunha de nossos atos
mais íntimos. Eu mesmo recito a oração do ‘Santo Anjo do Senhor, meu zeloso
guardador’ pelo menos cinco vezes por dia e com freqüência converso
espiritualmente com ele, sempre com sossego e paz. Quando tenho de visitar
alguém importante para tratar assuntos da Santa Sé, peço ao meu Anjo da Guarda
para que se ponha de acordo com o dele, para que influencie na sua disposição de
ânimo. É uma devoção que nos recomendava muitas vezes o Santo Padre Pio XI e que
me é muito frutífera” (Carta de 3.10.1948). Outro fato, pouco conhecido, que
teve influência incalculável no destino da Igreja: numa confidência a um Bispo
canadense, João XXIII atribui a uma inspiração do seu Anjo da Guarda a idéia de
convocar o Concílio Vaticano II (Gabriel C. Galache, Os Anjos, São Paulo 1997,
p. 49s).
São José Maria
Escrivá, fundador do Opus Dei, foi um grande devoto dos Santos Anjos: “Conquiste
o Anjo da Guarda daquele que deseja atrair para sua missão. É sempre um grande
cúmplice.” Se tiver presentes o seu Anjo da Guarda e os Anjos dos seus
interlocutores, evitará muitas bobagens que escapam na sua conversa” (Gabriel C.
Galache, Os Anjos, p. 44).
“O célebre ator
italiano Carlo Camopanini contou-me também que tinha mandado o seu Anjo da
Guarda de Milão a San Giovanni, em circunstâncias bem penosas. O Padre Pio
apareceu-lhe em sonhos no mesmo dia em que ele, Camopanini, lhe enviara o Anjo e
deu-lhe esta inesperada resposta, aplicável com toda a precisão ao seu caso:
‘Então não queres compreender que é necessário que sofras e que, se eu te livrar
deste sofrimento, te privo de todo o mérito?’ ” (nota 214 in Giovanni P. Siena,
Esta é a hora dos Anjos... Pe. Pio e os Anjos, Anápolis 2000, p. 171). Os Santos
Anjos são, portanto, nossos melhores amigos no cumprimento da nossa missão.
Terminamos com
duas orações que podem ser úteis para garantir a ajuda dos Santos Anjos em
nossas missões:
Oração da mãe aos Santos Anjos da Guarda dos seus filhos
Santos Anjos da
Guarda, confiados por Deus como fiéis amigos dos meus filhos, eu me dirijo com
grande confiança a vós. Solicito-vos, antes de tudo, a graça para que eu sempre
eduque meus filhos para Deus. Protegei-os onde eu não estiver. Acompanhai-os
onde eu não possa segui-los. Adverti-os onde minha voz não os alcança. Guiai-os
e salvai-os para o Céu. Amém!
Oração ao Santo Anjo da Guarda
Meu Santo Anjo da
Guarda, eu te saúdo e agradeço. Eu te rogo de rezar por mim e no meu lugar, em
todos os momentos onde eu não possa formular minhas orações. Digna-me também, na
Luz Divina, te encontrar com os Anjos da Guarda daqueles a quem eu mais amo,
daqueles pelos quais sou responsável espiritualmente, para os esclarecer,
proteger e conduzir. És meu Anjo guardião. A bondade divina me confiou a Ti:
ilumina-me, guarda-me do mal, e dirigi-me na verdade. Anjo da paz, caminha ao
meu lado. Dá à minha alma a beleza, ao meu corpo a pureza. Sustenta a minha fé e
anima meu coração a desejar pertencer cada dia mais a Jesus. Amém.