IGREJA CATOLICA E OS ANJOS
A
IGREJA E OS ANJOS
Antes
de ter criado os homens, DEUS criou os Anjos, que são espíritos puros, isto é,
não compostos de matéria, embora por vontade divina, possam às vezes
apresentar-se aos homens sob formas corporais.
O
SENHOR onipotente deu aos Anjos inteligência excelsa e força admirável, muito
superior à dos homens; fê-los felizes e elevou-os à grandeza de sua natureza
Angélica, fazendo-os participantes da Sua vida divina e Seus filhos. Mas não os
confirmou em graça nem lhes deu a posse da visão beatificada sem primeiro os
experimentar por uma vida de Fé. DEUS ocultou-se lhes e provou-os, para terem
oportunidade de Lhes manifestar a sua fidelidade e o seu amor. Apesar desta
ausência, seres livres, conhecendo a DEUS e sendo amparados pela graça divina,
podiam todos triunfar da prova a que o SENHOR e PAI os sujeitariam. O número
dos Anjos é incalculável, milhares e milhares de milhões.
As
Sagradas Escrituras falam-nos de Anjos agrupados em 9 coros, a saber: Serafins,
Querubins, Tronos, Dominações, Potestades, Virtudes, Principados, Arcanjos e
Anjos, que por sua vez, constituem três hierarquias. A primeira hierarquia, os
Serafins, Querubins e Tronos, têm por missão o serviço principal perante o
Trono de DEUS; a segunda hierarquia, as Dominações, Potestades e Virtudes, têm
por missão o serviço no espaço da Criação; e a terceira hierarquia, os
Principados, Arcanjos e simples Anjos, têm por missão o serviço junto à
humanidade na Terra.
Mais
de trezentas vezes falam as Sagradas Escrituras, no Antigo e Novo Testamento,
acerca dos Anjos, e se referem à sua intervenção no Mundo, e a Igreja infalível
confirmou a sua crença nas palavras que a Bíblia nos transmite definindo, no IV
Concílio Ecumênico de Latrão, a existência dos espíritos angélicos (Cap. 1, d.
428) deste modo: "DEUS, desde o princípio do tempo, criou do
nada duas espécies de seres: os espirituais e os corporais, isto é, os Anjos e
o Mundo; e depois, criou o homem que, sendo constituído de corpo e
espírito, que é comum a ambos os seres".
Os
Anjos, embora felizes totalmente, filhos de DEUS e por Ele muito amados, não
são todos iguais. Estão constituídos de modo a darem glória ao SENHOR e PAI
onipotente, ao DEUS Uno e Trino, servindo-O e amando-O como Ele os determinou.
Tal como nós, os homens, antes de possuirmos a DEUS para sempre no Céu, na
visão beatificada, temos de servi-Lo e amá-Lo neste Mundo, na noite de fé, e só
depois, como prêmio da nossa fidelidade, receberemos o dom da confirmação em
graça; assim também os Anjos foram experimentados e sujeitos à prova da fé
durante um tempo, para depois, como prêmio, receberem a fruição eterna de DEUS
Uno e Trino na visão beatificada, confirmados em graça.
Infelizmente
Lúcifer, do Coro dos Serafins, o mais belo dos Anjos, o que fora destinado por
DEUS para comunicar a luz divina a toda a Criação, responsável pelos cânticos a
Deus, não permaneceu fiel, revoltando-se contra o SENHOR. Desvanecido com os
dons de que fora revestido e cheio de orgulho e vaidade, arrastou nesta revolta
uma parte dos seus companheiros, caindo muitos, de todos os nove coros.
Eis
como o profeta Isaías narra a queda de Lúcifer, anjo da luz, que por revolta se
transformou em satanás, anjo das trevas: "Como caíste lá dos céus, astro
da manhã, filho da aurora? Exclamavas em teu coração: 'Escalarei os céus e
acima das estrelas de DEUS assentarei o meu trono. Remontar-me-ei ao mais alto
das nuvens. Serei semelhante ao Altíssimo...'. E eis-te precipitado no inferno,
na profundidade dos abismos”. (Is 16, 21)
Alguns
teólogos tentam explicar a queda de Lúcifer e a sua revolta pelo orgulho, por
ter o SENHOR lhe revelado que um dia Ele próprio, na Sua Segunda Pessoa, viria
à Terra e se uniria hipostaticamente à natureza dos homens, fazendo-se um deles
e como eles. Não tomaria a natureza Angélica, mas a natureza humana, em si
inferior à Angélica, e Lúcifer e os outros anjos adorariam e serviriam esta
natureza humana, assumida pela Divindade, dada por uma criatura excelsa, a
Virgem Maria, e tudo dependente do Seu Fiat, o Seu Sim, e que estes A serviriam
como sua Rainha e Senhora. O amor de DEUS pelos homens seria tal, que Ele viria
fazer-se um deles para lhes servir de modelo, pois dizem os mesmos teólogos,
entre os quais o célebre doutor bem-aventurado Scoto, franciscano, que ainda
que Adão e Eva não pecassem, o FILHO Unigênito de DEUS se faria Homem para lhes
manifestar o Seu Amor e como causa eficiente dos seres e da graça.
Com
esta revelação terminaram os laços que prendiam Lúcifer a DEUS.
O
orgulho e o ciúme desesperaram-no. ‘Não servirei!' - gritou. A sua inteligência
e o seu poder de sedução arrastaram atrás de si muitos outros anjos que
igualmente se revoltaram. Ao darmos crédito às célebres revelações de Maria
Valtortá, a grande mística italiana, falecida há poucos anos e já com o
processo de beatificação na Cúria Romana, Nosso SENHOR ter-lhe-á dito: "Minha filha, Lúcifer era o mais belo dos
Anjos, espírito perfeito, só inferior a DEUS. No seu ser de luz nasceu um vapor
de orgulho que ele não dissipou, mas pelo contrário, o condenou”. Desta
incubação nasceu o mal. Ele existia antes que o homem existisse. DEUS tinha
precipitado fora do Paraíso o maldito que tinha dado origem ao mal, que tinha
profanado o Paraíso. Mas ele ficou o eterno incubador do mal, e, não podendo
mais profanar o Paraíso, emporcalhou a Terra. Esta árvore simbólica (a árvore
da ciência do bem e do mal, descrita na Bíblia) serve para demonstrar esta
verdade. 'DEUS tinha dito ao homem e à mulher: "Vós conheceis todas as leis e mistérios
da criação. Mas não usurpeis o meu direito de ser o Criador do homem. Para
propagar a raça humana será suficiente o Meu amor que circulará em vós e sem
luxúria, unicamente pelo movimento da caridade. Meu amor suscitará os novos Adãos
da raça humana. Eu dou-vos tudo. Não me reservo sendo este mistério, o da
formação do homem".
Quando
do grito da revolta, Lúcifer arrastou muitos dos seus companheiros, a terça
parte, como diz o livro sagrado do Apocalipse por estas palavras: "Eis que apareceu no céu um grande dragão
vermelho com sete cabeças e dez chifres e sobre as cabeças sete diademas. A sua
cauda varreu a terça parte das estrelas do céu e lançou-as sobre a Terra. Eis
que se travou uma grande batalha no céu: Miguel e os seus Anjos pelejavam
contra o dragão e este pelejava também com os seus anjos. Mas estes não
prevaleceram e não houve mais, no céu, lugar para eles. O grande dragão foi
precipitado, a antiga serpente, o derrotado ou satanás, como lhe chamam, o
sedutor do Mundo inteiro, foi precipitado na Terra juntamente com os seus anjos”
(Ap. 12). Lúcifer gritou: "Não
servirei!" Miguel, cheio de humildade e amor, proclamou: "Amigos, quem é como DEUS?!".
De
um lado, consumam-se o orgulho, a vaidade e o ciúme; de outro, a humildade, o
amor e a submissão. Ambos os chefes foram seguidos. DEUS cria o Inferno e
nele são precipitados por Miguel - o amigo de DEUS, o Anjo fiel e
confirmador dos seus irmãos na fidelidade ao Altíssimo, Lúcifer e todos os anjos
rebeldes. Os anjos bons e fiéis, com Miguel, são então
confirmados em graça e felicidade eternas e, embora livres, usarão de tal modo
a sua liberdade que nunca poderão pecar; consumados no Amor de DEUS entram na
bem-aventurança eterna, na fruição de DEUS, na eterna alegria. São Miguel,
que era um Anjo do oitavo coro, é promovido por DEUS pela sua fidelidade e torna-se
o Chefe das milícias angélicas, o principal entre os primeiros, como diz o
Livro de Daniel (cap. 12).
Lúcifer
e os seus seguidores ficarão perpetuamente desgraçados, sem remissão possível:
só saberão odiar, praticar e sugerir o mal. Os Anjos bons só poderão amar,
praticar e sugerir o bem. DEUS, em Seus secretos desígnios, conservará,
no entanto, aos anjos rebeldes, grande inteligência, poder e vários dons da sua
natureza, e servir-se-á deles para provação e santificação dos bons. Estes, se
buscarem a força do SENHOR pela oração e os Sacramentos, sairão triunfantes e o
próprio derrotado, com o seu mal, será o instrumento, que os ajudará a alcançar
a eterna felicidade.
É
bom lembrar o seguinte: se é certo que o derrotado e os seus seguidores,
por serem anjos, são superiores a nós em inteligência e força, é certo que não
passam de simples criaturas e por isso estão nas mãos de DEUS, precisando a
todo a instante que Ele os mantenha na existência, só podem fazer o que DEUS dá
licença e na medida em que a dá. Nós não os podemos vencer com as nossas forças
naturais, mas podemos vencê-los com a força do SENHOR, unido a nós pela graça
sobrenatural. Tão fortes para quem não está com DEUS, tão fracos para quem
invoca o SENHOR! Não temamos, pois! Não esqueçamos o que diz São Tomás de
Aquino, o príncipe dos teólogos: "Qualquer Anjo bom, inferior na
ordem da natureza, sobreleva os demônios na mesma ordem natural, porque a
virtude da justiça Divina sobre a qual estão firmados os Anjos bons é
superior à virtude natural dos anjos maus".
No
Inferno só há ódio e desespero. Os demônios obedecem todos ao seu chefe, mas
todos o odeiam e se odeiam entre si; só se unem para fazer o mal, mas são
imensamente desgraçados, e o mais desgraçado e quem mais sofre é Lúcifer - o
pai da mentira, das revoltas e fomentador das guerras.
Uma
santa assistiu um dia a um diálogo entre satanás e DEUS: Lúcifer apareceu
chorando e gritava: "Amas
tanto os homens, eles pecam e ofendem-Te tantas vezes e TU perdoas-lhes sempre;
e a mim, desgraçado, que só Te ofendi uma vez, não me perdoaste e condenaste-me
perpetuamente à desgraça e ao desespero...".
O
SENHOR replicou: - "E tu
pediste-me perdão?" Pedir perdão!? Tal não fez satanás em seu refinado
orgulho. E o orgulho, como o de Lúcifer, cega. Dizem vários teólogos que muitos
dos homens fiéis são destinados a ocupar no Céu o lugar que DEUS destinara aos
anjos caídos; uma parte da humanidade fiel terá seu lugar especial no Céu,
conforme as suas virtudes, e a outra parte da humanidade que se salvar, ocupará
no meio dos coros Angélicos, os lugares perdidos pela terça parte dos anjos
rebeldes. Não será por isso que a Cruz de muitos é tão grande? São homens e são
chamados a dar no Céu, a DEUS, uma glória humano-angélica.
A
ser verdade o que vem num livrinho com aprovação eclesiástica, intitulado:
"Padre, Pio fala ao Mundo" este teria aparecido depois da morte a um
dos seus filhos espirituais e disse- lhe: "Estou no meio do Coro dos
Serafins, junto do meu pai São Francisco". Quer dizer que ambos terão
ocupado os lugares de dois Serafins perdidos.