APARIÇÕES DE SÃO MIGUEL
Além das que vêm mencionadas nas Sagradas Escrituras, quer no Antigo
quer no Novo Testamento, várias são as intervenções do Chefe dos Anjos na vida
da Igreja, aparecendo em vários lugares, em horas difíceis, para mostrar a sua
assistência como guarda e protetor vigilante da mesma Igreja. Estas aparições
foram observadas e confirmadas pela autoridade eclesiástica que as abençoou, e
algumas delas foram inseridas na própria liturgia local ou universal, com Missa
e ofícios próprios.
Sabemos como a seguir à Ascensão do SENHOR JESUS ao Céu, os
Apóstolos, para dar cumprimento ao Seu mandato: "Ide por todo o Mundo,
pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas
quem não crer será condenado" (Mc 16, 15-16), dividiram o mundo conhecido
em doze partes e para cada uma delas foi um Apóstolo. Depois, ao grupo dos doze
Apóstolos, o SENHOR agregou um décimo terceiro, o Apóstolo São Paulo, para
mostrar claramente a universalidade da Igreja, que não era só para substituir a
Igreja do Antigo Testamento confiada ao povo hebreu, o povo eleito, mas todos
os pagãos de todas as raças; por isso, São Paulo é chamado o Apóstolo dos Gentios.
A São João Evangelista coube por sorte a Ásia Menor e aí começou a sua
evangelização na cidade de Hierópolis, onde se adorava uma serpente como deus.
Pondo-se o Santo em oração, a serpente morreu. Os sacerdotes do ídolo,
furiosos, perseguiram o Apóstolo que teve de fugir. Chegou à região de Chones,
na Frígia, que nesses tempos chamava-se Colossos, e a quem mais tarde o
Apóstolo São Paulo dirigirá a célebre epístola aos Colossenses. São João foi
muito bem sucedido na sua pregação e vários abraçaram a fé. Na sua instrução
falou também sobre os Anjos e anunciou-lhes que o príncipe das milícias
angélicas, o grande São Miguel, os tomaria debaixo da sua proteção e que
às portas da cidade brotaria uma fonte, onde os doentes, com o sinal da Cruz e
a invocação do Arcanjo São Miguel, encontrariam uma pronta cura. A fonte
apareceu e espalhou-se este acontecimento por toda a região. Os fiéis e os
pagãos começaram a afluir a esta fonte e as curas multiplicaram-se.
Um rico homem de Laodicéia, cidade desta região da Frígia, tinha uma
filha única que era muda. Numa noite, apareceu-lhe, em forma humana, São
Miguel e disse-lhe: "Conduz a tua filha à fonte dos cristãos e
acredita na onipotência do seu DEUS, que a tua fé será recompensada".
Cheio de temor e esperança, foi com a filha à fonte e aí perguntou
aos cristãos o que devia fazer. Eles disseram: "É em nome do PAI,
do FILHO e do ESPÍRITO SANTO e pela intercessão de São Miguel que nós
usamos desta água". O pagão,
repetindo estas palavras, invocou a Santíssima TRINDADE e o socorro do glorioso
Arcanjo. A filha começou a falar e a fé iluminou a sua alma e a do seu pai.
Ambos pediram o batismo. Cheio de alegria, o homem mandou edificar junto da
fonte uma igreja, a atestar o seu reconhecimento por este milagre. Um cristão jovem
que seguia a vida eremítica, ficou como guardião deste santuário. As curas
multiplicaram-se e, como consequência, a conversão dos pagãos ao cristianismo.
Os sacerdotes dos ídolos, obstinados nos seus erros, resolveram
destruir o santuário. Junto deste, passavam dois rios que eram contidos por
diques. Numa noite ouviu-se um forte barulho das águas. Os pagãos tinham
destruído os diques e brevemente o santuário seria arrasado e submerso. O
eremita, ao ver o que se passava, gritou: "SENHOR, a Vossa
onipotência comanda e rege os abismos do mar, Vós podeis salvar a templo do
vosso Arcanjo".
Enquanto ele rezava, ouviu- se uma voz vinda do Céu. Era São
Miguel que descia para desarmar o furor de satanás. Disse ele ao seu
fiel servo e guardião do seu templo: "'Não temais, o inferno não
pode nada contra nós". O Arcanjo estendeu a sua mão sobre o
caudal dos rios; as águas impetuosas foram controladas no seu caminhar por um
braço invisível. São Miguel traçou sobre elas o sinal da Cruz e fê-las
recuar, desviando o seu curso. O vencedor de Lúcifer deixou-se ver no cume de
um rochedo. A terra tremeu e abriu-se uma garganta, por onde as águas
sumiram-se vertiginosamente, em turbilhão. São Miguel, depois de ter
exortado o eremita a que continuasse a convidar os doentes do corpo e da alma a
que usassem da água da fonte em Nome da Santíssima TRINDADE, subiu ao Céu.
As liturgias da Igreja Oriental comemoram este acontecimento com
Missa e ofícios próprios no dia 6 de setembro.
1ª Aparição de São Miguel no Monte Gargano
O ano de 490 da era cristã, 17º ano do reinado do Imperador Zenon,
8º ano do Papa São Félix II, teve lugar a memorável aparição de São Miguel no
Monte Gargano. Um rico Senhor de Siponto, possuidor de um importante rebanho,
piedoso e caritativo, possuía uma montanha distante dez milhas de Siponto, hoje
Manfredonia, sobre a qual ele fazia pastarem os seus animais.
Havia no gado um touro feroz, enorme, desconfiado, que se separou do
resto do rebanho. Procuraram-no durante alguns dias, inutilmente. Por fim, o
encontraram em uma caverna profunda, difícil de ser atingida. Não podendo
reavê-lo vivo, resolveram mata-lo. Usando o arco, atiraram uma flecha no touro,
mas a flecha voltou-se contra quem a atirou ferindo-o.
Gargan e seus companheiros, espantados diante deste acidente e
julgando que havia algo de misterioso nisto, recorreram ao Bispo de Siponto,
Dom Lorenzo Maloriano, parente de Zenon. O Bispo recorreu a Deus, na oração
para pedir-lhe luz e conhecimento do que acontecia.
O prelado ordenou um jejum de três dias e exortou aos fiéis que
também rezassem para obter de Deus a significação do estranho fato.
Depois de três dias, São Miguel apareceu ao Bispo e declarou-lhe que
aquela caverna onde o touro se havia retirado estava sob a sua proteção e que
era seu domínio, Deus desejando que ela fosse consagrada em seu nome, em honra
de todos os Anjos. E o Arcanjo desapareceu.
Grande e indizível alegria foi a do santo Bispo, que convocou
imediatamente o povo. Foi em procissão à gruta, acompanhado do clero e dos
fiéis para reconhecê-la e já a encontrou toda disposta em forma de Igreja:
Talhada na pedra, assaz profunda, de acesso fácil, o que levou o povo a uma
extraordinária admiração e temor, sobretudo quando no fundo da gruta ecoaram
vozes angélicas, dizendo: "AQUI DEUS É HONRADO. AQUI, O ALTISSIMO, É
GLORIFICADO!"
O Bispo começou a celebrar aí os ofícios divinos. O acontecimento
tornou-se conhecido em toda a Itália e pela Europa, e a devoção a S. Miguel e
aos Santos Anjos se foi desenvolvendo. Vieram peregrinos até aí, de todas as
partes da Europa: Papas, Reis, Imperadores, Chefes de Estado, peregrinos
inumeráveis, que consideravam uma honra e um dever o ato de visitar e de rezar
na gruta sagrada.
Os Cruzados, indo para a Terra Santa, se detinham aí e votavam-se a
S. Miguel. Muitas graças de toda espécie foram aí alcançadas. Numerosos
milagres foram aí operados.
2ª Aparição de São Miguel no Monte Gargano
No primeiro ano do reinado do Imperador Anastácio, em 492, primeiro
ano do Pontificado do Papa S. Gelásio, S. Miguel apareceu uma segunda vez a S.
Lourenço Maloriano, Bispo de Siponto, dois anos, portanto, após sua primeira
aparição. O exército de Odoacre, rei dos Godos, considerando o povo de Siponto
como aliado de Teodorico, seu rival na coroa da Itália, sitiou a cidade, ameaçando
exterminar os habitantes, que recorreram a seu santo Pastor neste assunto tão
grave. O Bispo decidiu recorrer ao auxílio das milícias celestes. Enquanto os
Godos se apressavam em cavar a terra e fazer fossos para suas trincheiras de
ataque ao redor da cidade, São Lourenço, à imitação de Moisés, subiu ao Monte
Gargano para pedir vitória ao celeste guerreiro São Miguel. Foi na
segunda-feira dia 25 de setembro do ano de 492. Os Godos, nesse dia, enviaram
um mensageiro, portador do ultimatum de guerra. O Bispo mandou pedir uma
trégua de três dias, durante a qual pediu a seu povo que rezasse, jejuasse e se
aproximasse dos sacramentos, o que foi feito. Era a aurora do dia 29 de
setembro, uma sexta-feira, e o Bispo estava em oração na Igreja de Santa Maria.
São Miguel apareceu-lhe prometendo a vitória e intimando a ordem de não
atacarem o inimigo antes das 16 horas, a fim de que o sol fosse testemunho de
seu poder. O bispo avisou o povo e o fortificou com o Sacramento da Eucaristia,
manhã cedinho. Na hora fixada, os Sipontinos saíram da cidade e assaltaram os
bárbaros. O céu estava sereno. De repente roncou o trovão, uma nuvem cobriu o
cimo do Monte Gargano e envolveu as terras que estavam prontas a serem tomadas
pelos bárbaros.
S. Miguel, atirando flechas inflamadas de cima do Monte Gargano, fez
ver claramente que sob as suas ordens os quatro elementos combatiam. E os raios
feriam os bárbaros, sem esperar pelos ataques dos Sipontinos. Estas flechas não
atingiram os sipontinos e o exército dos Godos, aterrorizado e abatido, fugiu.
Os habitantes da cidade perseguiram seus inimigos até Nápoles.
O Bispo se dirigiu com o povo ao Monte Gargano e subiu até à gruta
para agradecer ao Arcanjo, celeste defensor, por uma tão grande vitória. À
entrada da gruta onde eles não ousavam penetrar, o clero e o povo viram os
traços dos pés de um homem, gravados no rochedo, indicando a presença de S.
Miguel. E, com lágrimas nos olhos, todos beijavam esses traços, que eram os
testemunhos da presença do Arcanjo sob forma humana. (Do jornal canadense
“VERA DEMAIN”).
3ª Aparição de São Miguel no Monte Gargano
A terceira aparição de São Miguel deu-se deste modo: No dia 8 de
maio de 493, São Lourenço, o Bispo de Siponto foi com o povo ao Monte Gargano,
à entrada da gruta, para agradecer a DEUS, a aparição de São Miguel. Tinha um
grande desejo de lá entrar para celebrar o Santo Sacrifício da Missa, mas por
respeito, não entrou. Como o Papa São Gelásio se encontrava numa localidade
perto, onde fora no seu múnus pastoral, mandou-lhe emissários a expor-lhe o
assunto de transformar a gruta num santuário. O Santo Padre disse que se devia
escolher o dia 29 de setembro, dia da vitória sobre os Godos, para se dedicar a
igreja localizada na gruta, fazendo dela um templo em honra a São Miguel e aos
Anjos. Recomendou que se fizessem preces públicas para conhecer a vontade do
Arcanjo. Estas preces foram ouvidas e São Miguel apareceu pela terceira vez a
São Lourenço, Bispo de Siponto, e disse: "Cessa de pensar mais,
decide- te a consagrar a minha gruta que eu escolhi para meu domínio e que
consagrei com os meus Anjos; tu verás os sinais ardentes desta consagração, a
saber: a minha imagem colocada por mim, o altar edificado pelos Anjos, meu
manto e minha Cruz. Esta noite, tu e mais sete bispos, entrareis na minha gruta
para aí rezardes com a minha assistência. Amanhã celebrarás o Santo Sacrifício
da Missa e comungarás com o povo. Haveis de ver quantas bênçãos espalharei
neste tempo." Tudo se fez como São Miguel recomendou.
Penetrando na gruta, viram a imagem milagrosa de São Miguel lutando
contra Lúcifer, o altar armado com uma Cruz de cristal com cinco palmos, um
manto cor de púrpura, símbolo do Amor de DEUS, e no fundo uma fonte milagrosa.
O Bispo celebrou a Missa, deu a Sagrada Comunhão ao povo. Em seguida, mais três
altares foram consagrados na gruta. O Papa mandou então que este fato passasse
a ser celebrado na Igreja Universal no dia 29 de setembro de cada ano. A
Basílica de São Miguel no Monte Gargano, é a única no Mundo que ele próprio e
os seus Anjos consagraram.
Este local é ainda hoje um dos mais célebres da cristandade e onde
se realizam mais conversões e curas do corpo e da alma. A assistência religiosa
está atualmente confiada aos filhos de São Bento, os monges beneditinos.
Muitos Sumos Pontífices têm ido em peregrinação a este Santuário, e
no mês de maio de 1987, ali esteve também o nosso Papa João Paulo II.
Quando lá esteve SÃO FRANCISCO DE ASSIS que era devotíssimo
de São Miguel, não se julgou digno de entrar em lugar tão santo. E ele que
fazia a quaresma de São Miguel junto com seus irmãos, e estava revestido das
mais perfeitas virtudes de Cristo. Isso nos mostra claramente que seguir os
votos de São Miguel, é um passo de muita responsabilidade, somente contando com
a Graça de Deus e do auxílio de seu General e seu exército, com a intercessão
da Ssma. Virgem Maria poderemos prosseguir abandonando nossas misérias, para
que sejam tocadas e transformadas em virtudes.
Aparição de São Miguel na França
No século XV a França foi invadida pelos ingleses e só restava uma
pequena porção do território ainda não debaixo do seu domínio. São Miguel
apareceu mais uma vez para salvar este país, e desta vez por intermédio de uma pastorazinha
de Lorena que tinha 15 anos e era analfabeta, Joana d'Arc, convidando-a a armar-se
de cavaleiro e comandar os exércitos franceses. A menina começou a chorar e
disse que nunca seria capaz de tal coisa. Disse-lhe São Miguel: "Vai, sem
temor, que combaterei em teu favor". Joana parte, vai ter com o rei tímido
e fraco que era Carlos VII e incita-o a que receba a sagração real. Orleans é
libertada, a donzela, depois de vinte vitórias em batalhas contra os ingleses,
é presa e condenada à fogueira. Neste momento, lá está também São Miguel a
ajudá-la a triunfar no martírio que fez dela uma santa que veneramos hoje em
nossos altares.
Aparição de S. Miguel ao Imperador Constantino
Durante três séculos os imperadores romanos perseguiram a Igreja
Católica, chegando a considerar os cristãos como inimigos do gênero
humano, não tendo o mesmo direito à existência. Os cristãos que confessavam a
sua fé eram torturados, despojados dos seus bens que passavam para o Imperador
e depois condenados à morte mais cruel. Mais de doze milhões de mártires deram
por CRISTO a vida. Chegou finalmente a hora da paz com a conversão do imperador
Constantino, filho da imperatriz Santa Helena, já convertida ao cristianismo.
Esta paz foi preparada por São Miguel. Quando Constantino combatia contra
Maxêncio, na Gália, província do império, São Miguel apareceu-lhe rodeado de
muitos Anjos para socorrê-lo
e assegurar a vitória. Mostrou-lhe
no céu, em pleno meio-dia, uma Cruz luminosa cercada por uma inscrição que
dizia: "'Com este sinal vencerás". A Cruz tinha por cima as duas
primeiras letras gregas do nome de JESUS CRISTO. Não sabendo o que este sinal
no céu significava, São Miguel apareceu- lhe num sonho e mandou-1he que pusesse
este sinal num estandarte que seria levado pelas suas tropas, à frente, para os
combates. O imperador obedeceu e, guiado pela Cruz, caminhou a combater o seu
inimigo perto de Roma. A batalha foi terrível, mas Maxêncio foi derrotado. Na
fuga caiu no rio Tibre e morreu afogado. Deu-se a vitória no dia 12
de outubro do ano 312 de nossa era.
O vencedor entrou triunfante em Roma, com a Cruz à frente dos seus
exércitos, e nesse mesmo ano publicou o decreto que dava paz à Igreja. No ano
313, entrou este decreto em ordem solene, estando o imperador em Milão. Esta
aparição do Arcanjo é narrada por Eusébio, o primeiro historiador da Igreja e contemporâneo
de Constantino. Segundo o escritor Nicéforas, mais duas vezes apareceu São
Miguel a Constantino. Na segunda aparição, disse-lhe quanto o tinha favorecido
nas batalhas. O imperador reconhecido mandou edificar na antiga Bizâncio uma
nova cidade, capital do Império do Oriente, com o nome de Constantinopla, hoje
Stambul. Esta capital foi dedicada solenemente a Nosso Senhor JESUS CRISTO, por
esta legenda: "A vós, oh CRISTO DEUS, eu dedico esta cidade".
Nela mandou Constantino edificar várias igrejas e um templo suntuoso
em honra a São Miguel, precisamente no lugar onde o Arcanjo lhe aparecera.
A terceira aparição deu-se quando parte dos habitantes da antiga
Bizâncio se revoltou contra o Imperador.
Nicéforas afirma que o Arcanjo lhe disse: "Eu sou Miguel, chefe
das milícias angélicas do DEUS dos exércitos, defensor e protetor da fé de
CRISTO, eu te protejo com a minha ajuda na guerra que tu empreendes contra os
tiranos ímpios. A ajuda dos meus exércitos foi-te dada".
É urgente, hoje mais do que nunca recorrer à proteção de São Miguel,
lembrando que ele é o protetor e o defensor da Igreja e dos fiéis, o guardião
do Paraíso, o apresentador das almas junto de DEUS, o Anjo da Paz e o vencedor
de satanás. (Pio XII em 8 de maio de 1940)
Por São Tomás de Aquino, o príncipe dos teólogos nos transmitiu
toda a ciência dos padres antigos da Igreja, sendo chamado o doutor angélico
por seu magnífico tratado sobre os Anjos, baseado nas Sagradas Escrituras e nos
grandes doutores, quer da Igreja Católica do Oriente, quer do Ocidente, aprendemos
que não só os homens, mas também as nações, as cidades e as instituições da
Igreja e até os astros, o reino vegetal, animal e mineral têm um Anjo
encarregado de guardá-los. A Igreja costuma, a pedido dos povos, por voz da
hierarquia, pôr à frente das comunidades, nações e instituições, um protetor.
Às vezes é Nosso SENHOR em alguns dos Seus mistérios, ou Nossa Senhora em algum
dos Seus muitos títulos, ou algum Anjo ou Bem-aventurado celeste já elevado às
honras dos altares.
A este protetor dado pela Santa Igreja, chama- se padroeiro. A
Igreja indica-o em nome de DEUS com a autoridade de que está revestida.
Mas o Anjo da guarda de qualquer homem, cidade, nação ou
instituição, não é determinado pela Igreja, mas sim, por escolha direta do
próprio DEUS; e só poderemos saber quem é, se o SENHOR o revelar de modo a que
não haja dúvida.
No Antigo Testamento sabemos que São Miguel era o Anjo custódio do
povo eleito, como se lê no livro de Daniel, Cap. 12; e no Novo Testamento,
sabemos pelos Santos Padres e Doutores da Igreja que é o guarda do novo povo
eleito, que é a Família Cristã, a Santa Igreja Católica que também o proclama
na sua liturgia oficial.
Se bem que todas as nações desde que foram constituídas, têm um Anjo
delegado e escolhido por DEUS, para guardá-las e reger os seus destinos segundo
a finalidade que o SENHOR as constituiu, no entanto só Portugal presta culto
oficial e litúrgico ao seu Anjo custódio com Missa e ofício divino próprios.
Foi o Papa Leão X que, a pedido do rei Dom Manuel I, o concedeu.
Portugal, foi, assim, a primeira nação e a única no espaço de mais de três
séculos, a prestar este culto oficial. E no século XIX, a Espanha também
instituiu uma festa litúrgica em honra a seu Anjo custódio, concedida pelo Papa
Leão XII que regeu a Cadeira de Pedro entre os anos de 1823 a 1829. Esta festa
na Espanha infelizmente desapareceu com as novas reformas litúrgicas, de modo
que Portugal continua atualmente a ser a única Nação a prestar culto oficial e
litúrgico ao Anjo que DEUS lhe deu para guardá-la e reger os seus destinos.
Esta festa, feriado nacional, celebra-se atualmente no dia 10 de junho, dia da
Raça e do Gênio Lusitano.
Às instâncias de um sacerdote português, também o Exército Azul, de
origem americana, mas que tem a sede central em Fátima, e o maior propagandista
da Mensagem de Nossa Senhora dada em 1917 aos três pastorzinhos na Cova da
Iria, começou a difundir a devoção do Anjo Custódio dos Estados da América.
Uma linda imagem deste Anjo, esculpida em Portugal, imagem
monumental em mármore branco português, está à veneração do público que acorre
ao Santuário em honra do Coração Imaculado de Maria, construído em Washington
(D.C.), pelo Exército Azul. Por enquanto, só se conseguiu que a Missa em honra
ao Anjo Tutelar dos Estados Unidos seja celebrada só neste Santuário no dia 4
de julho, feriado do dia da independência do país. Aguarda-se que futuramente a
festa possa se estender pelo país.
Aparição de São Miguel a Antônia de Astônaco
Foi também em Portugal que se deu uma das mais célebres aparições de
São Miguel. Esta aparição deu a volta ao mundo através da célebre Coroa
Angélica em honra a S. Miguel e dos 9 coros dos Anjos, com promessas
salutares para vida e para a morte. Esta devoção está propagada em várias
línguas, aprovada pelos respectivos bispos diocesanos e de modo
especial pelo Papa Pio IX, sábio e santo, que a enriqueceu de indulgências em 8
de agosto de 1851. Não encontrei em português a vida desta ilustre
serva de DEUS, Antônia de Astônaco. Deve ter-se esgotado e não foi reimpressa.
Mas creio tratar-se de uma revelação séria e admitida pelas autoridades
eclesiásticas, sobretudo pelo Santo Padre, que não têm por costume aprovar
devoções baseadas em revelações particulares, de ânimo leve.
Num livro em espanhol li a citação do autor que diz o que viu em
folhetos com a aprovação do Senhor Cardeal-Patriarca de Lisboa, D. Antônio
Mendes Belo, do Senhor Bispo do Porto, de bispos franceses e espanhóis, mas com
uma nota importante que não tinha encontrado em nenhuma parte e que passo a
transcrever: "No livro 2º, Capítulo
74, da vida da serva de DEUS Antônia de Astônaco, lê-se que numa aparição a
esta ilustre serva de DEUS, o Arcanjo São Miguel pediu que se compusessem em
sua honra nove saudações, correspondendo aos nove coros dos Anjos; saudações
que consistem, cada uma, na recitação de um PAI Nosso e três Ave-Marias. O
glorioso Arcanjo prometeu que quem o honrasse desta maneira antes da Sagrada
Comunhão, seria acompanhado à Sagrada Mesa por um Anjo de cada um dos nove
coros. Prometeu também, a quem rezasse todos os dias essas nove saudações, a
sua assistência e a dos santos Anjos durante a sua vida, e que depois da morte
o livrará do Purgatório a ele e aos seus parentes”.
O que disse já o tinha lido em vários lugares, mas a novidade para
mim relatada por Blas Piñar, autor do livro em espanhol "Tiempo de
Angeles", é a fonte de onde se colheu a revelação feita à serva de DEUS,
no dizer que se encontra no segundo livro da sua vida e no capítulo 74. Isto é
uma prova de que um autor estrangeiro está mais bem informado do que nós, os
próprios portugueses. by klivixs | março 2016